Sexo é saúde

O tratamento com o profissional sexólogo beneficia a vida do paciente de diversas maneiras, de modo a favorecer não apenas sua vida pessoal, como também os aspectos sociais e profissionais, além de surpreender a parceira

A sexologia é uma ciência que se dedica à prevenção e à cura de disfunções sexuais, dentre elas: inibição do desejo, ausência de orgasmo, ejaculação precoce, impotência e outras. O médico sexólogo Cláudio Viana conversa com a Entre-Vias sobre as atribuições de sua especialidade, que beneficia não somente a vida sexual, mas social e profissional. Médico responsável pela Boston Medical Group entre 2003 e 2008, hoje oferece atendimento e tratamento exclusivo, de forma personalizada, na Naruna Medicina Estética.

Cláudio atende apenas ao público masculino, preservando sempre o anonimato do paciente. Ele considera que a procura pelo atendimento com o médico sexólogo aumentou consideravelmente nos últimos cinco anos. O especialista considera a mídia, de um modo geral, uma facilitadora de veiculação de informações mais claras, bem como esclarecedoras acerca dos resultados que o tratamento proporciona ao cliente. A farmacologia também tem se desenvolvido, de modo considerável, a fim de garantir os resultados que se espera com o tratamento.

De acordo com estudos realizados pelo Projeto Sexualidade (ProSex) da Universidade de São Paulo (USP), o que mais assombra o universo masculino brasileiro (54%) é o medo de perder a ereção na “hora H”. As estatísticas apontam que aproximadamente 40% dos homens entre 30 e 50 anos têm alguma forma de disfunção erétil e apenas 60% procuram ajuda médica. É a doença mais comum do sexo masculino e a menos tratada do mundo.

Muitos casos, principalmente até a meia idade, têm motivos psicológicos e, quase sempre, estão ligados ao estresse e à depressão. A partir dos 50 anos, os fatores físicos costumam estar na origem dos distúrbios eréteis. Entre eles, a hipertensão, o diabetes, o colesterol alto ou o desequilíbrio na produção do hormônio masculino testosterona. O uso de drogas e o consumo excessivo de álcool estão associados à impotência, conforme divulgado na última edição. A seguir, mais questões que perpassam o universo da sexualidade.

Entre-Vias: Qual a diferença do sexólogo para o médico sexólogo?

Cláudio Viana: Os dois profissionais precisam estudar assuntos relacionados à sexologia. No entanto, o sexólogo não possui curso de medicina e o objetivo de sua atuação é limitado à terapia de casal e/ou individual.

Já o médico sexólogo, além de poder realizar terapia de casal, poderá também prescrever medicamentos, visando otimizar o resultado do tratamento buscado.

EV: O que trata o médico sexólogo?

CV: O médico sexólogo pode tratar tanto a mulher quanto o homem que apresenta sintomas de disfunção erétil (DE) e/ou ejaculação precoce (EP). A DE é tida como uma incapacidade de alcançar ou manter uma ereção suficiente para uma relação sexual satisfatória. Já a EP é definida como a ocorrência da ejaculação ao mínimo de estímulo sexual, durante ou logo após a penetração, antes que a pessoa deseja que ocorra. A ejaculação precoce pode ser identificada das seguintes formas: 1) Inabilidade de controlar a ejaculação; 2) Ejacular antes de satisfazer a parceira; 3) Ejacular poucos minutos após a penetração.

Quanto às mulheres, o atendimento está voltado para o tratamento da anorgasmia (ausência de orgasmo), disparemia (dor no final da penetração) e vaginismo (dor no início da penetração).

EV: Quais são as causas da DE e da EP?

CV: A maioria das causas da DE é de natureza física, sendo a maior parte relacionada a doenças vasculares. O pênis requer um fluxo sanguíneo saudável e efetivo para se tornar completamente ereto. Mesmo uma leve redução no fluxo sanguíneo – causada, por exemplo, por diabetes, hipertensão, colesterol alto, fumo, bebidas alcoólicas etc. – pode causar problemas na ereção.

Além disso, têm-se também causas psicológicas como causadoras. Nesses casos, o nervosismo ou tensão no momento da relação sexual libera adrenalina que, por sua vez, provocará a redução do fluxo sanguíneo necessário para alcançar ou manter uma ereção. Outras causas comuns incluem estresse, baixo interesse sexual, culpa, ansiedade ou depressão. Frequentemente, a maioria dos clientes possui uma combinação de causas psicológicas e físicas.

No caso da ejaculação precoce, também temos fatores psicológicos e físicos atuando, destacando o segundo grupo que pode haver uma hipersensibilidade da glande do pênis.

EV: Os tratamentos desses casos são diferentes?

CV: Sim. Para a disfunção erétil, utiliza-se a Farmacoterapia Intracavernosa (FIC) de 2 a 3 vezes por semana, por um período de 6 meses, para que ocorra a dilatação adequada da inervação peniana. Contudo, somente após a avaliação do médico sexólogo, pode-se indicar a forma de tratamento mais adequada. Na maioria dos casos opto pela FIC, pela segurança e eficácia no tratamento dos homens com sintomas e queixas de DE.

Já na ejaculação precoce, após avaliação médica, pode-se indicar terapia sexual ou psicoterapia, uso de anestésicos ou gel, antidepressivos e, até mesmo, uso da FIC. Ressalto que também nos casos de EP também prefiro o uso da FIC, uma vez que a mesma possibilitará a continuidade da relação sexual, mesmo após a ejaculação, havendo assim, a dessensibilzação da glande através do atrito com o canal vaginal.

EV: Como é o procedimento da FIC?

CV: É um tratamento simples, mas que envolve disciplina. O paciente é orientado a aplicar o medicamento na sua própria residência. O medicamento possui combinação de vasodilatadores, que agem em conjunto para expandir as artérias do pênis e aumentar o fluxo sanguíneo. Como resultado, tem-se uma completa ereção que irá durar entre 30 e 60 minutos, independente de ter estímulo ou não. A fórmula por si só causará a ereção.

É bom destacar que esse medicamento não é produto de prateleira e cada tratamento necessita de ser preparado individualmente em laboratório.

EV: O Viagra é um dos medicamentos utilizados?

CV: Não. Bom, não sou contra nem a favor da administração desse medicamento. Não o utilizo como medicamento terapêutico, uma vez que seu uso pode trazer sérios riscos (efeitos colaterais), principalmente se a pessoa fizer uso de medicamentos para angina, hipertensão, dentre outros.

Além disso, o Viagra é apenas paliativo, ou seja, seu resultado não é definitivo, pois não tem finalidade de cura. A Farmacoterapia Intracavernosa (FIC) proporciona, de fato, a recuperação definitiva, pois, por meio da ereção alcançada com essa fórmula, o homem terá dilatação das artérias cavernosas, possibilitando a elasticidade e, logo ao final do tratamento, as ereções acontecerão normalmente.

EV: Como se explica a eficácia do tratamento?

CV: No caso da disfunção erétil, a eficácia do tratamento se deve à melhora do fluxo sanguíneo. Na ejaculação precoce ocorre a dissensibilização da glande. Além disso, o ajuste correto da dose medicamentosa assegura o sucesso do tratamento, possibilitando que o paciente continue tendo ereção mesmo após a ejaculação. O tratamento deve ser realizado de duas a três vezes por semana por um período de seis meses.

EV: Pacientes submetidos a prostatectomia total podem ter problemas de disfunção erétil?

CV: A prostatectomia radical envolve a remoção de toda a glândula prostática. É realizada em casos de tumores (câncer de próstata) e quando a próstata se torna muito grande (hiperplasia benigna de próstata), a ponto de restringir o fluxo de urina através da uretra.

Portanto, em média 50% dos pacientes que são submetidos a esse procedimento têm disfunção erétil, uma vez que durante a cirurgia é seccionada a inervação ao redor da próstata. O tratamento deve realizado no prazo de 2 anos no máximo, e também ocorrerá por meio da FIC. Através dessa farmacoterapia, o paciente terá ereções de 40 a 60 minutos. A duração do tratamento é durante um período de 6 meses, a fim de garantir a formação de nova inervação, alcançando assim o resultado almejado pelo cliente.

Naruna Medicina Estética / Matéria publicada pela Revista Entre Vias

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